Cercas da Vida

Cercas da Vida

Poderia ser tão fácil. Tão absurdamente tangível a possibilidade de chegarmos aonde bem desejássemos. Por que não? A arte do comedimento nos faz construir cercas que nos delimitam o alcance dos nossos objetos de desejo. E resta-nos a parca escolha de apenas vislumbrarmos o que não pudermos recolher ao nosso casto afeto. O vento frio da frustração nos remove da comoção da alma e reporta-nos à simples reflexão que nos faz admitir que o jargão popular está certo: “nem sempre temos o que desejamos”. E é isso mesmo… Vai que não tenhamos mesmo a conhecida maturidade, seja ou não, emocional? E por certo desperdiçaríamos o frutuoso ensejo de extrairmos a essência, a seiva boa que nos ajudaria no processo da vida. Um fato corriqueiro e não menos surpreendente é que existem cercas que não são construídas por nossa consciência, mas, por contingências imperiosas cujas fundamentações nos escapam aos sentidos. Bem sabemos que o indivíduo, no seu longo processo constitutivo, lança mão de valiosas lições conquistadas a duras penas e outras, nem tanto. Nessa lide de aprimoramento, muitos caminhos são livres e de fácil acesso. Outros, que os levam a alcançar objetivos que os bonificam, possuem certas restrições que servem para forçá-los a um condicionamento moral mais embasado. Muitas dessas fronteiras podem ser ultrapassadas, mas outras não. Pelo menos no momento. E aí sobra a oportunidade de ponderação e planejamento na construção de novas metas, porque é justamente disso que o homem precisa em seus intentos, enquanto não preparado para enfrentar certas situações – o tempo do amadurecimento. (Karina Alcântara)

Deixe um comentário